Uma sombra na noite. Tive essa sensação ao voltar a pé do Tuca (Perdizes) até a Consolação hoje. O barulho dos helicópteros, buzinas, bandeiras do Brasil despencando dos carros, não eram muitos, mas cruzavam o caminho, deixando manchas e ruídos.
Como conversar, como estabelecer um diálogo com manchas e ruídos? Ultrapassa a questão de concordância ou discordância, porque não há pauta visível, não há mote possível
São ruídos e manchas que pertubam, deu saudade de um passado recente, onde o diverso era aceito, virava galhofa, às vezes briga, mas passava, tinhamos o conforto do momento seguinte quando a ira silenciava.
No momento, a coisa leva o jeito de um ruído intermitente, de panelas, de bravatas e urros de ódio, assusta. Segui como sombra na noite no caminho longo, que parecia mais longo da Monte Alegre ao Baixo Augusta.
Sinto como nunca o alívio do silêncio.