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Arquivo mensal: fevereiro 2009

Patrícia Palumbo é radialista, jornalista, nessa condição trata de assuntos como meio ambiente e música. Trabalhou na Rádio Cultura AM e atualmente produz e apresenta na Rádio Eldorado os programas Planeta Eldorado e Vozes do Brasil. Lançou um belo livro de entrevistas chamado Vozes do Brasil (DBA – 2002), com gente da música brasileira e que esta no segundo volume. Confira mais do trabalho da moça em:
http://www.vozesdobrasil.com.br/2006/home3.html e http://www.patriciapalumbo.com.br/

Patrícia concedeu, por email, essa entrevista ao Klaxonsbc:

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K- Como esta dito na intro do seu sitio, Palumbo lembra pomba e você é uma pomba que já voou em diversos lugares da música, conte um pouco dessas trajetórias.

P – Esse texto da introdução do site é do Tom Zé e foi escrito pra apresentação do meu primeiro livro de entrevistas, o Vozes do Brasil Vol1, que lancei em 2002. Ele fez essa relação entre o significado do meu nome e a minha atuação na música, o que me deixou muito feliz. Eu comecei a trabalhar com rádio com 18 anos, estudante de comunicação, numa emissora que até hoje só toca música brasileira: Rádio Cultura AM. Desde então eu me dedico a esse oficio de escutar música profissionalmente e selecionar, seja pra tocar no rádio ou para shows, projetos, trilhas sonoras etc. Junto à isso fui me aprimorando na arte da entrevista, no repertório pra uma boa conversa, na edição, no timing. Hoje faço curadoria pra festivais e para projetos como o Prata da Casa no sesc Pompéia, apresento um programa de tv sobre música instrumental no Sesc TV, outro sobre música brasileira na TV Brasil, o Conversa Afinada, além do Vozes do Brasil que já tem 10 anos no ar e que hoje vai ra 4 emissoras no país e também está acessível pela internet (www.territorioeldorado.com.br ou http://www.vozesdobrasil.com.br). Com Tom Zé tive uma experiência muito bacana no ano passado que foi escolher as vozes femininas pro disco Estudando a Bossa. Foram 13 cantoras muito diferentes entre si como Fernanda Takai, Zélia Duncan, Anelis Assumpção, Fabiana Cozza e Andreia Dias, por exemplo, que fizeram duetos com ele nesse trabalho.

K – Fale sobre a sua experiência em rádio, ainda cabe música em rádio hoje em dia?

P – Eu amo fazer rádio. É quase um vício selecionar músicas, comenta-las e colocar isso no ar pra milhares de pessoas direto da tranquilidade de um pequeno estúdio ou até mesmo de dentro de casa. A música ainda faz parte do rádio, o que acontece é que com os novos suportes tão acessíveis, o veiculo perde espaço como o lugar do lançamento, do inédito, do exclusivo. Há exceções e eu incluo meu trabalho nisso, na exceção.

K – Você tem um belo livro de entrevistas, qual a entrevista que nunca sairá da sua memória?

P – A primeira do primeiro livro, com Zélia Duncan, foi uma entrevista marcante justamente por abrir os trabalhos mostrar que seria possível e que seria bom. A última desse mesmo volume com Cássia Eller, pouco ants de sua morte, foi emocionante, delicada e bem humorada ao mesmo tempo. Arnaldo Antunes, Moska e Nando Reis foram instigantes, me deram o que pensar por meses. Itamar Assumpção ficou comigo por 5 horas falando coisas incríveis, me mostrando suas anotações… é difícil escolher uma só. São dois volumes já e eu admiro todos esses personagens.

K- Pode ser uma lista de coisas que devem ser ouvidas com urgência?

P – Tem que ouvir agora mesmo Karina Buhr! Uma jovem compositora e cantora pernambucana, percussionista, líder do Comadre Fulozinha e que agora está saindo em carreira solo. Um encanto. Canta bonito, escreve letras únicas, tem uma sonoridade incrível, nova, original. Leo Cavalcanti, Anelis Assumpção, Andreia Dias, Marcelo Jeneci, Stella Cassilatti, Barbara Eugênia, Claudia Dorei – jovens e intrigantes e ninguém tem disco ainda. Tem que ouvir nos shows ou no Vozes do Brasil.

K- Dois assuntos que te incomodam.

P – Os conflitos na faixa de Gaza e os desastres naturais como os incêndios nas chapadas do Brasil e na Austrália.

K- Fale o que quiser…

P – Compreensão é o meu mantra. Curiosidade e entendimento fazem do mundo um lugar melhor pra viver.

Valeu Patrícia!!

 

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Pedro José Ferreira da Silva, o Glauco Mattoso, como ele mesmo fala em seu site oficial: é poeta, ficcionista, ensaísta e articulista em diversas mídias. Cursou biblioteconomia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo ( aos trancos e barrancos me formei lá) e letras vernáculas na USP.

Glauco fez quadrinhos bacanas, escreveu livros sobre tribos de desgarrados (skinheads, hooligans), versou rock’ n roll, poemas fesceninos,  proseou sobre temas incômodos (trotes, violência consentida, não consentida, podolatria), traduziu Borges, falou poemas na TV, sacou letras de música, publicou dicionário de palavrões, colaborou em revistas eletrônicas, impressas, bulinou pés.

Saiba mais sobre Glauco Mattoso: http://glaucomattoso.sites.uol.com.br/quem.htm … ele não tem medo de errar e acerta pra caramba. Glauco hoje não enxerga, mas tem cego que ainda nao viu/leu Glauco.

SPIK (sic) TUPINIK [1977]

(para Paulo Veríssimo)

Rebel without a cause, vômito do mito
da nova nova nova nova geração,
cuspo no prato e janto junto com palmito
o baioque (o forrock, o rockixe), o rockão.
Receito a seita de quem samba e roquenrola:
Babo, Bob, pop, pipoca, cornflake;
take a cocktail de coco com cocacola,
de whisky e estricnina make a milkshake.
Tem híbridos morfemas a língua que falo,
meio nega-bacana, chiquita-maluca;
no rolo embananado me embolo, me embalo,
soluço – hic – e desligo – clic – a cuca.

Sou luxo, chulo e chic, caçula e cacique.
I am a tupinik, eu falo em tupinik.

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Todo dia eu me preocupo em não deixar o blog muito saudosista, e ele esta cada vez mais. Paciência, um dia muda. Quero falar de uma banda que me impressionou muito quando eu vi ao vivo, em meados da década de 80, não lembro exato o ano. Era um show no Centro Cultural São Paulo e a frente do palco estava Paulo Barnabé e sua Patife Band.

Para a “turma do rock” o fato de ser irmão de Arrigo Barnabé não dava muitos créditos. Existia uma rusga não tão velada entre roqueiros paulistanos e o povo da “música popular experimental da FFHL/ECA brasileira”, rs, tempos idos. Coisas de uma São Paulo querendo dar pinta de cosmopolita, mas ainda bastante provinciana.  Hoje todo mundo nega essa treta  – no estilo clintoniano “fumamos, mas não tragamos” – deixa pra lá.

Voltando ao show: foi uma bela surpresa, som direto e encorpado e as composições com pitadas de música contemporânea, davam à Patife Band uma distinção em relação às demais bandas da cena paulista. Naquele ano eles lançaram um EP pelo extinto e importante selo Lira Paulistana, que trazia uma versão bacana de Tijolinho (clássico da jovem guarda), esse som chegou a tocar bastante em rádios rock (?!?) da época.

Paulo e Cia faziam no palco a bagunça que toda boa banda influenciada, sem afetação, pelo punk acaba fazendo.  Musica honesta, divertida e com uma vantagem: os caras sabiam tocar. Claro que não vou lembrar o setlist, mas com toda certeza tocaram Poema em Linha Reta, versão dodecapunk sobre os versos de Fernando Pessoa. Uma boa lembrança esse show… ixi…  lá vem o velho saudosismo blá blá, blá…

Depois disso, em 1987, o Patife lançaria um disco pelo WEA (que relançado em 2002 no formato CD) chamado Corredor Polonês. Vale a pena procurar para ouvir Pesadelo, Chapeuzinho Vermelho, Teu Bem ( regravada pela Cassia Eller), Poema em Linha Reta. Passaram pela banda bons músicos da cena rock paulista: André Fonseca (guitarra), James Müller (bateria), Emerson Villani (guitarra)…

Em 2003, a Patife voltou e gravou o disco Ao Vivo, fruto de uma apresentação no Festival DemoSul, em Londrina. Paulo e banda continuam por ai e vocês podem acompanhar o trabalho dos caras através do myspace: http://profile.myspace.com/index.cfm?fuseaction=user.viewProfile&friendID=39691398.

Abaixo um clip/entrevista com a música Veneno, produzido pela TramaVirtual, mais abaixo ainda o link para download do disco Corredor Polonês. Abraços!

link para download:  http://rs105.rapidshare.com/files/30015008/patife_band_-_corredor_polon__954_s__wea__1987_.rar

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