O “Procure Saber” não é exatamente uma novidade na cena culturete brasileira. Sim, cena culterete, o que podemos chamar de “vida marrom” do cenário cultural, o penduricalho, o inútil, o superflúo. O mundo das falsas polêmicas, das declarações bombásticas, dos conluios do “outro”.
O “Procure Saber” faz parte desse universo, em dado momento seus membros eram apenas bacanas e antenados, os reis, dizem que hoje são um produto ultrapassado, mas com inegável lastro, e que ainda alimenta (muito) o que pode ser “novo”. Quem é o ultrapassado?
O fato de serem rotulados de “velhos” e de fazer parte dessa brodagem citada, não os torna melhores ou piores, eles apenas jogaram o jogo. Hoje são como nobres envelhecidos na corte, mantém seus privilégios.
Ao tentar proibir suas biografias eles continuam sendo performáticos, uma performance melancólica, mas performance. E essa performance gera notícias, comentários, desdobramentos, gera grana, esse post (não tô ganhando grana, claro) e, ironicamente, os torna menos velhos, ainda que melancólicos, mas com certeza menos velhos, pois voltam (continuam) a ser notícia.
O “Procure Saber” faz o papel de vilão nesse momento, existem muitos que ainda não adquiriram o direito de serem vilões, por falta de fichada corrida, de lastro, de história ou por falta de relevância mesmo.
A cena culterete precisa de vilões, assim como precisa de críticos mordazes desses vilões, todo mundo tem seu papel marcado. Não há ruptura, quando muito birrinhas. Não importam os nomes, eles se revezam.
Claro que não é todo combinado, nem precisa ser, cada ator conhece muito bem seu próximo ato quando a peça é repetida ano após ano, se torna praticamente um ato mecânico, o que fulano diz vira notícia e forma uma polêmica performática e cínica.
A cena culterete é assim: autoreferente, repetitiva e ninguém nunca quer largar o osso.