“Vinte anos sem Joe Strummer”


Vinte anos sem Joe Strummer. Sim, o mundo, a nossa história é esse emaranhado de descobertas, auge de paixões e despedidas.

Foi assim com Joe Strummer, o cantor do 101’ers, o cara que viu o Sex Pistols e decidiu montar o Clash. O The Clash que apaixonou meninas e meninos no mundo todo.

Foi assim que descobri o que foi Joe Strummer.

O Joe Strummer que nós amamos olhou para a periferia do mundo, sem a piedade cruel do popstar colonizador arrependido.

Não, Strummer não teorizou, nem reproduziu lamentos improdutivos, ele agiu, se posicionou, ele foi para front e descobriu cedo que poderia combater as patifarias com sua voz e sua Telecaster. E transformou isso tudo em canções inesquecíveis.

Faz vinte anos que estamos sem o Joe Strummer, parece que foi outro dia, numa manhã parecida com essa, 22 de dezembro de 2002, que eu registrava em texto o adeus a Strummer.

São diversas razões para lamentar a ausência de Strummer, mas eu preciso me ater àquilo que não é lamento, preciso me agarrar ao legado de luta que esse rapaz nascido na Turquia, filho de mãe escocesa e pai indiano, deixou para quem ouviu, dançou e cantou suas canções.

Nós não temos a voz, não temos a Telecaster, mas temos a nossa história em comum e as canções.

São várias delas que eu poderia lembrar, mas uma frase cravada no meio da “Straight to Hell”, vai permecer para sempre, uma frase que nos une, para além dos territórios e dos tempos vividos:

Can you really cough it up loud and strong
The immigrants, they wanna sing all night long
It could be anywhere
Most likely could be any frontier
Any hemisphere
In no man’s land

Agora, sem culpa, podemos comemorar a ausência de Joe Strummer, a sua obra nos legitima.

Deixe um comentário