Perto daquela nuvem à direita, não exatamente lá, mas perto, fica localizado o apartamento de Lula da Silva. É, na janela frontal do quarto de dormir tenho esse cenário.
Mas por que é importante falar agora da casa onde Lula da Silva mora?
Eu poderia elencar vários motivos, mas me atenho ao principal.
O Lula da Silva que mora perto daquela nuvem não está lá agora, isso é sabido. E não está lá por um motivo simples e único: ele ainda é o único contraponto expressivo diante da grande e tenebrosa nuvem que paira sobre o Brasil.
Peço desculpas pela metáfora pobre que coloca nuvem como algo temerário. Muitas vezes é necessário usar clichês para ser facilmente entendido.
Longe dessa nuvem de São Bernardo, sobre a renitente nuvem de Curitiba, Lula da Silva deu uma entrevista ontem ao El País e à Folha. Antes, ele foi silenciado por uma medida draconiana do STF durante a eleição. O silêncio de Bolsonaro ganhou a eleição. Ontem, o contraponto soltou a voz.
Nos dias de hoje, o silêncio de Bolsonaro se transformou numa grande cacofonia metalizada, que, sob a regência do maestro Guedes, embala um pacote destrutivo que abarca nossa economia e extingue o que ainda nos resta de soberania.
É hora de construirmos contrapontos potentes, Lula da Silva sempre do seu jeito, mostrou ontem que isso é possível.
Antes que os camaradas da esquerda perfeita venham me acusar de lulista cego, devo dizer que não vejo o Lula da Silva dentro da lógica sebastianista, o redentor que viria sob uma nuvem de perfeição, afinar a sinfonia de nossa crise.
Ao contrário de redentor, Lula da Silva, pode materializar a oportunidade de aprendermos com nossos erros e olharmos com cuidado para nossas escolhas pretéritas.
Diante de tantos percalços e derrotas, ele continua entendendo o país como possível e praticável e nao apenas como laboratório de crítica e (auto)crítica de egos.
Não é o caso de seguir Lula da Silva, antes disso, vale mais ficar atento à sua trajetória. A análise concreta da realidade que tome seu espaço.
Sigo nesse sábado de trabalho, com a consciência de que o tempo de observar nuvens e luzes não pode tomar muito tempo. É preciso ir atrás da tal potência.