Fico sabendo da morte do cinesta e gestor público, Leopoldo Nunes, um importante nome do cinema brasileiro e da militância cultural. Leopoldo veio do cineclubismo dos anos oitenta que somado à militância da esquerda, a formação em Cuba, lhe deram um olhar muito singular sobre a política cultural.
Foi com essa bagagem que o rapaz de Santa Fé do Sul, interior de São Paulo forjou seu olhar para fazer cinema autoral e entender o quanto a construção de politicas públicas, o fomento, formação e difusão são fundamentais para dar vazão aos anseios populares.
Trabalhamos juntos na Secretária de Cultura de São Bernardo do Campo no período 2011-2013. Sempre aberto ao debate, polêmico, intempestivo, um realizador, bom de briga, de idéias, um cara de esquerda, um cara de luta.
Sob a sua gestão e incentivo implementamos na Divisão de Biblioteca Pública, o programa Agentes de Leitura em parceria com o Governo Federal um momento que marcou muito as nossas vidas como profissionais e militantes, momento de aprendizado, descobertas e expansões.
No ano de 2018, parte de 2019, Leopoldo virou meu vizinho aqui na Barra, sempre o encontrava do trabalho à noitinha, nos bares ou voltando do supermercado nessas coisas prosaicas da vida. Sorrisos, piadas, simpatias e a indignação bolchevique de sempre.
Como dizia Aldir Blanc na canção Vida Noturna, Leopoldo era “um dos nossos”. Sao tempos de fratura, são temos de muitas despedidas, são tempos de resistir, sao tempos de fazer valer o legado de quem lutou.
Boa viagem, camarada!