“Estação Imperatriz Leopoldina”


Senti isso hoje à tarde e me pus a fotografar. Obrigado, Joao Antonio, mestre sempre.

Atravessei a ponte. Tinha trocados no bolso, me enfiaria num trem, acabaria na estação Júlio Prestes. Daniel com a televisão e Lídia com costuras… Eu queria andar.

Desde que papai morreu, esta mania. Andar. Quando venho do serviço, num domingo, férias, a vontade aparece. O velho, quando vivo, fazia passeios a Santos, uma porção de coisas. Bom. A gente se divertia, a semana começava menos pesada, menos comprida, não sei. Às vezes, penso que poderia recomeçar os passeios.

— Que horas tem trem pra São Paulo?

Meia hora não esperaria. Fui caminhando para a Lapa. Mesmo a pé. Os lados da City, tão diferentes, me davam uma tristeza leve. Essa que sinto quando como pouco, não bebo, ouço música. Ou fico analisando as letras dos antigos sambas tristes — dores de cotovelo, promessa, saudade… Essas coisas.”

Trecho de “A busca”: ANTÔNIO, JOÃO. “Contos Reunidos.”

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