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O mês de Agosto de 2014 trouxe dois acontecimentos muito importantes referentes ás políticas públicas para o livro e a leitura no Brasil:

– no dia 18 de agosto Presidenta Dilma Rousseff assinou um decreto que oficializa a transferência da Diretoria de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas (DLLLB) para a estrutura do Ministério da Cultura, em Brasília. Desde 1990 esta estrutura estava dividida, parte dela funcionava em Brasília e a outra parte na sede da Fundação Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro, o que dificultou uma política integrada e coerente entre células tão interdependentes.

– no evento de abertura da Bienal do Livro, no último dia 22, a Ministra da Cultura, Marta Suplicy, e o ministro da Educação, Henrique Paim, assinaram um documento para designar os membros do conselho diretivo e da coordenação executiva do Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL).

Os esforços políticos que tornaram realidade estas duas iniciativas vêm de muito antes e envolvem uma série de atores e segmentos da rede composta pelo setor. Desde 2003 no primeiro ano do Governo Lula com a homologação da Lei do Livro, o Governo Federal interrompeu um longo hiato de inação e falta de dialogo e o congelamento do debate realidade dominante até então.

O estabelecimento de uma política pública para o livro e leitura recebeu grande reforço, traduzida nos dois atos citados, mas é fundamental que sejam operadas várias outras iniciativas e ações, ainda no âmbito Federal, nos Estados e Munícipios.

O Secretário Executivo do PNLL, José Castilho Marques Neto, logo que reassumiu a função em 2013 (estave afastado desde 2011), apontou em entrevista à Raquel Cozer:

O primeiro ponto é a institucionalização do PNLL em lei, porque precisamos de um plano nacional de longo prazo (…). A segunda questão é criar um organismo representativo e que tenha autoridade em financiamento para tratar dessa política. Isso seria o Instituto Nacional de Livro, Leitura, Literatura e Bibliotecas. Terceiro, temos que finalmente projetar e instituir o Fundo Setorial Pró-Leitura.

O foco central do PNLL, portanto, é fortalecer a ação do Estado no planejamento e execução das politicas públicas.transformar suas diretrizes gerais em matrizes norteadoras e operativas na construção dos planos estaduais e municipais.

Sem a citada institucionalização e a formação de um orgão operacional, não há como dar respostas ao atual quadro de precariedades; a ênfase nas mudanças estruturais, na formação de mediadores de leitura, na modernização dos equipamentos e no fortalecer a cadeia produtiva do livro, promovendo a bibliodiversidade e o acesso democrático ao livro e à leitura, são desafios substantivos do processo político e institucional.

Existem alguns passos básicos que devem ser acionados:

  •  as consultas públicas regionais e segmentadas;
  •  a formatação de leis que sedimentem as diretrizes apontadas por estes planos;
  •  o mapeamento dos diversos equipamentos (bibliotecas de acesso público, livrarias, editoras);
  •  a ordenação e concatenação dos programas, projetos e ações desenvolvido pelos setores  público e privado;
  •  a concatenação da rede de profissionais e instituições envolvidas no setor;
  •  a modernização dos equipamentos existentes e o fomento a novos espaços;
  •  os arranjos e ordenamentos feitos em sintônia com o setor produtivo do livro;
  •  a articulação política dentro dos parlamentos através dos mandatos populares e  representações populares

Um ano de eleição não representa de maneira nenhuma um momento de paralisação do setor, as bibliotecas públicas, escolares e comunitárias, os diversos mediadores, os gestores, editores e livreiros, os saraus continuam atuando e devem estar atentos a provocar novos movimentos em suas áreas de atuação, e é justamente para mudar a lógica de eterno adiantamento que devemos derrubar o mito de que em ano de pleito as ações não frutificam, esta seria a afirmação de que estamos construindo as bases de uma política de Estado, não de Governo.

Os pilares para uma política pública republicana se fundamentam em torno de conceitos claros do que é leitura e do que é livro, sendo assim é interessante reafirmar seus conceitos e a partir deles, entender os passos, o caminho de sua construção.

– a leitura, destaque maior e central desta rede conceitual entendida como ato social de apropriação, interpretação e criação de sentidos atribuídos à palavra escrita e a todos os códigos e linguagens, acessível em suportes convencionais e nas tecnologias digitais;

– o livro como a publicação de textos escritos em fichas, folhas ou meio digital, não periódica, grampeada, colada ou costurada, em volume cartonado, encadernado ou em brochura, em capas avulsas, em qualquer formato e acabamento.

É bom lembrar que a democratização do livro é determinada pela leitura, leitura essa que deve ultrapassar o mero ato mecânico de distinção de signos e se aprofundar na diversidade e na complexidade dos diversos universos envolvidos, este é o primeiro passo para ampliar ao uso dos signos da leitura com a finalidade da emancipação e autonômia dos sujeitos.

Leitura e livro nunca prescindem um do outro, logo, eles não podem se isolar dos processos sociais, dos conflitos e das contradições implicados, não existem no mundo etéreo, o livro é um objeto com formas definidas que depende diretamente da leitura para ter sentido de uso, de valoração, é o modo de estar perto das pessoas para o seu uso prático; outro elemento que não pode estar fora é o mediador, aquele que provoca a leitura e está em constante dialogo com o leitor, é no processo de mediação  que o mundo do “outro” se amplia

O PNLL ganhará força com todos esses arranjos e articulação, é óbvio que não se encerra neles, ele deve afetar o caminho que o livro e a leitura seguem, não como o poder de um drone determinista que carrega o conhecimento e a informação alvejando a ignorância , mas como um processo social que envolva pessoas, equipamentos e ações  e que venha a construir um pais de leitores.

É urgente a construção de uma política do livro para a leitura.

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Adoro as palavras, mas nem sempre sou todo ouvido!
Principalmente quando língua, lábios e dentes buscam outros objetivos…

Casulo

– De domingo a periferia é mais longe.

Esta foi a resposta que o rapaz no ponto da Praça Quatorze Bis me deu quando perguntei se demorava o ônibus para o Terminal João Dias. Descobri que tinha que pegar o Terminal Capelinha e descer na Avenida João Dias e acessar o Terminal João Dias pelo lado de fora. Lá vou eu rumo ao Parque Santo Antônio.

A Livraria Editora e Biblioteca Comunitária Filoczar que pertence ao Cesar Mendes Costa, um filósofo, professor, terapeuta, ativista da leitura que faz um trabalho único no coração do Jardim São Luiz, extremo zona sul de São Paulo: provocar, instigar a educação, a formação e mediação de leitores.

Cesar, claro, não está sozinho, tem uma rede, tecida na teimosia, na resiliência, na insistência de fazer coisas diferentes daquelas que a lógica perversa do abandono, do preterimento, do descaso do Estado e da sociedade.

Naquela tarde pude conhecer e descobrir pessoas que trabalham duro para fazer o que a maioria não percebe, mas que é fundamental para quem convive e compartilha das ações que eles promovem.

Eu não estava lá a passeio, desde junho de 2014, faço parte de um grupo de trabalho que se reuniu e foi nomeado oficialmente para construir o PMLLLB (Plano Municipal do Livro Leitura Literatura e Biblioteca).

Poder público, entidades, militantes da leitura, parlamento e as pessoas da cidade de São Paulo são o húmus do Plano, e para legitimar o processo uma das etapas fundamentais são as plenárias populares realizadas junto aos movimentos, com os trabalhadores da leitura, ir à zona sul naquela tarde era parte dessa caminhada.

Na constituição do grupo de trabalho represento a Câmara Municipal através do mandato do Vereador Antônio Donato (PT), no dia 06 de junho realizamos uma audiência pública para recolher subsídios junto à sociedade para compor uma política do livro e leitura. Com a formalização do GT juntamos as forças.

Foram duas horas que demorei em chegar ao Jardim São Luiz e encontrar a Livraria Filoczar. Tudo muito simples, a simpatia de Cesar e esposa, a livraria no cômodo da frente na sala contígua cadeiras, ali acontece os cursos, cineclube, os debates. Em outra sala está biblioteca comunitária, duzentos títulos acessíveis.  Sim, a Filoczar comporta uma livraria e uma biblioteca, onde está escrito que são coisas excludentes?

Ás 15h40min começamos a plenária, alguns minutos depois o companheiro de GT, Haroldo Ceravolo se juntou a mim para coordenação da plenária. Chovia em São Paulo, coisa rara nos últimos meses. Não erámos muitos, mas não foi pouco.

Sentados conosco educadores, militantes, escritores, o início do diálogo foi frio, o estranhamento, a difícil comunicação. Plano, institucionalidade, poder público não são moeda corrente para pessoas que fazem o que tem que fazer sem esperar a verba, a estrutura, o Estado.

Evidente que as necessidades, o que falta, o que é preciso para fazer melhor, são coisas muito claras para estas pessoas, eles podem não dominar as nomenclaturas, os termos empolados que lhe são impostos, e não é por ignorância  mas pela urgência das tarefas.

Maria Vilani, o poeta Casulo, Célio Sales, Luciana; Cleon (Ceará); Monica Aiub; Willian; Paulo Sérgio; Vanessa Mendes; Naram… todos eles sabem a importância do que fazem, porque fazem há muito tempo, enão têm escolha, o enredo é antigo.

O tempo das políticas públicas, não é o tempo da periferia de São Paulo ou de qualquer periferia. Há um descompasso, um desnível, nas verbas, no olhar, no entendimento, no diálogo. Não adianta conversa, as pautas são claras, o enredamento é conhecido, avançar é urgente.

Foram quatro horas de debate, depoimentos, sugestões, desabafos, conversa direta de quem já correu muitos trechos. Concretos encaminhamentos. Aprendi mais um tanto na vida. Há uma dívida grande com esse povo e vem de longe, muito longe. E precisa ser paga.

De carona com o Haroldo na volta, falávamos de política, de eleição, conjuntura, realpolitik, a velha e não superada conversa da luta de classes. O contraste foi satisfação de ter participado de uma plenária produtiva, com cruezas, belezas, tendo a certeza que não tem nada de missão cumprida. A luta de classes, há quem a negue.

Quando o rapaz do ponto de ônibus me disse no início daquela tarde que de domingo a periferia era mais longe, nem ele, muito menos eu, sabia o quanto eu caminharia naquele dia chuvoso.

Sigamos o Plano…

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If you have a racist friend
Now is the time
Now ist he time
For your friendship to end

The Specials

Em 1977 eu tinha 11 anos. Estudava numa escola ao lado de casa. Era a escola da ditadura, aquela das filas no pátio para cantar o hino nacional perfilado. Naquele tempo as classes sociais se misturavam em algumas escolas públicas.

O sucateamento acontecia, a escola era organizada, até alguns ricos sentavam perto da gente nas carteiras, não era por democracia, claro, era apenas uma transição para o abandono total da coisa pública. Todo mundo supostamente misturado e já se distanciando

Eu tinha alguns amigos. Por ser o gordinho da classe, me juntei aos outsiders, os mais pobres, os mais feios, os esquisitos, os negros, os pobres. Sim, negros outsiders, num pais predominantemente mestiço e negro, negros nitidamente à margem.

Um dia rolou uma festinha daquelas de escola onde cada um de nós levava uma comidinha, um doce, um salgado feito pela mãe. Era um jeito de trazer o carinho, a aquiescência de casa para sala de aula.

Os doces, os salgados ficaram em cima de uma mesa e acabaram rapidamente na furia hormonal que dá fome na infância. Bolos cremosos, tortas, docinhos mais delicados.

Restou um prato de pastéis intocado no meio de tudo.

Eu, na minha fúria comilona, não entendi o porquê daquela omissão dos colegas e parti pra cima dos pastéis de carne e queijo. Foi quando um amigo me abordou e falou baixo:

– Estes são os pastéis do fulano…

Vacilei um minuto, não entendi, ele se referia ao nosso amigo, nosso comum, que jogava bola, que corria no pátio junto, conversava com a gente todos os dias no meio daquelas carteiras tristes e alegres, nosso amigo negro.

Continuei a comer os pastéis, muito mais por gula do que por qualquer ato heróico anti racista, nao havia entendido. Foi a primeira vez que senti de perto o racismo, naquele prato cheio de pastéis. Nunca vou me esquecer.

Eu era menino e eu não entendi bem na hora. Hoje sei que racismo não é uma coisa para se combater amanhã, pelo simples fato dele acontecer desde anteontem e o tempo. O antiracismo é em todo dia.

Esta música da banda inglesa e multiaracial, The Specials, expressa bem esta urgência. Não aceite racismo, nunca, é urgente.

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Acredito que passou da hora (se já não é tarde para tal) de acabar com a hipocrisia e assumirmos que nos últimos anos ajudamos a reduzir a política a um debate moralista com poucos espaços para avanços. A mídia fomentou, os vários atores políticos engendraram e o Governo entrou na onda com conivência.

Marina Silva é  um dos resultados disso. Ela mistura em seu discurso vários ingredientes que apontam para o retrocesso. Ortodoxia economica, Estado inexistente e uma proposta de  democracia direta que pode agradar a quem não lê nunca as letras miúdas das bulas, mas que não resiste a um olhar mais detido.

Marina não é neoliberal?  Claro que não, ela é ultraliberal. O tal Estado Mobilizador, balbuciado pela ex senadora acreana ontem no debate, nada mais é do que a sobra do quiabo que o tal tripé da econômia (controle da inflação, superávit primário e câmbio flutuante) aufere ao Estado. É o aprofundamento da ortodoxia.

No que se refere às ações sociais, o intrigante discurso propõe não o Estado mínimo, mas o Estado ausente e o que é pior, com os representantes eleitos reféns de uma equipe econômica que concentra todos os poderes, André Lara Resende não foi chamado à toa, o capital não vacila.

E a tal democracia direta que ela apresenta como proposta? Pelo o que se consegue retirar do que tem de vago, é o encurtamento do caminho entre o poder central e o opinionismo da população, sem as instâncias constituídas, com a mitigação dos poderes constituídos do dia pra noite e sem reforma política estruturante. Isso me soa a personalismo e autoritarismo travestido.

A tônica moralista e os conceitos explicados ligeiramente, sem aprofundamento, são características da despolitização. É o mesmo que juntar as palavras de ordem de junho de 2013, descontextualizadas, embrulhadas num pacote pomposo e discursadas com cinismo. O novo.

O que está claro no discurso de Marina Silva, até o momento,  é sua opção pela ortodoxia econômica – sempre houve indícios , desde o PT, o grande aliado dela é Tiao Viana, o que existe mais a direita dentro do partido – a grande “novidade” é que ela resolveu aprofundar a ortodoxia, se adaptou aos novos tempos, e se juntou a gente graúda nesse campo

Dentro desse quadro, será que o PT finalmente optará por um discurso mais à esquerda, que apresente uma distinção, ou vamos perder operando num espaço onde nunca fomos aceitos e despolitizando mais a política?

marina

Uma homenagem do poeta dadaísta (in memorian) a Wall Street:

LAMENTO                                                       

Muro em ruínas
Eu me perguntei
Hoje por quê
Não se enforcou

Lia, a ruiva Lia,
De noite com uma corda…
Poderia ter-se balançado
Como pêra madura

E ladrariam
Os cães na rua
Chegaria muita gente
Para vê-la

Gritariam
“Cuidado para que não caia”
Eu trancaria
O cadeado da porta

Levaria uma escada
Para baixá-la
Como pêra madura
Como moça morta
E a conduziria até uma bela cama.

Tristan Tzara (1896-1963)

Wall Street During the Panic of 1884
Schell & Logan. Engraving: Harper’s Weekly; May 24, 884.

Nascido William Charlie Hamper, em 1959 na região de Kent ao sudoeste de Londres, e depois apelidado por amigos como Billy Childish. Desde da época do punk  Billy escrevia fanzines onde publicava suas poesias e  idéias sobre arte.

A inquietude de Childish fez com que se envolvesse em várias frentes no seu trabalho como artista, tendo a visceralidade como tônica em todos eles. Seus traumas: pai alcoolatra, vítima de pedofília por um amigo da família aos nove anos, dislexia, acabaram sendo combustível para uma obra autofágica.

Em cada forma de expressão em que está envolvido: poesia, pintura, música, cinema (super-8) ele coloca fortes elementos autoconfessionais, não separa a vida pessoal de sua arte.

São dezenas de discos, quarenta livros de poesia, romances ((em1980 Billy fundou sua própria editora, Hangman Books & Records) e pinturas que não estão em galerias, que são negociadas por ele próprio.

Formou como cantor e guitarrista várias bandas da cena punk: Thee Milkshakes, Thee Mighty Caesars e Thee Headcoats, mas sua primeira banda foi o Pop Rivets. A base de todas: blues e rock and roll básico.

Em 1999, Childish fundou com Charles Thomson – um dos poetas de Medway – o movimento Stuckista. A intenção era se contrapor aos movimentos pós-modernos da arte britânica, valorizando a pintura em detrimento dos vanguardismos excessivos e do atrelamento ao mercado.

Atualmente ele defende as suas bandeiras ao lado dos Thee Buff Mudways, sua banda suporte. É interessante observar a tenacidade com que defende suas idéias estéticas e políticas à revelia dos apelos de mercado e dos hypes diversos.

Para saber mais: http://www.billychildish.com/home.htm

Há exatamente quarenta anos, dia 30 de setembro de 1968 – nao, nao, fiquem tranquilos, não vou falar de Zuenir Ventura, prometo – o Brasil perdia um grande intérprete de sua alma: Sergio Marcus Rangel Porto ou como ficou melhor conhecido: Stanislaw Ponte Preta.

Chamar Sérgio de humorista é reduzi-lo a apenas uma de suas qualidades. Escrevia desde a década de 1940, para rádio, tv, revistas e jornais. Produto legítimo de Copacabana em sua fase aurea, seu humor não era nada ensolarado, mas caústico e implacável. Era sobrinho do crítico musical Lúcio Rangel que foi quem o levou ao jornalismo.

Em meados da década de 50 em conjunto com ilustrador Thomas Santa Rosa criou o personagem Stanislaw Ponte Preta, baseado no personagem Serafim Ponte Grande de Oswald de Andrade. Mistura instigante de duas verves fronteiriças. Destilava sua perspicácia e mordacidade através de Ponte Preta em um país que lhe dava muitos argumentos.

Escreveu livros como Tia Zulmira e Eu; Primo Altamirando e Elas; O Garoto Linha Dura; Rosamundo e os Outros e os três volumes do seu livro mais conhecido: FEBEAPÁ (Festival de Besteiras que Assolam o País), alguns trechos:

“Os jornalistas deveriam apanhar da polícia não só durante a passeata, mas antes também. Eles são incapazes de reconhecer o valor da polícia. Os fotógrafos, por exemplo, nunca fotografam os estudantes batendo no policial”. Essa declaração foi feita pelo Secretário de Segurança de Minas Gerais, coronel Joaquim Gonçalves.”

O Diário Oficial publica “Disposições de Seguros Privados” e mete lá : “O Superintendente de Seguros Privados, no uso de suas atribuições, resolve (…), “Cláusula 2 – Outros riscos cobertos – O suicídio e tentativa de suicídio – voluntário ou involuntário”.

“O mal do Brasil é ter sido descoberto por estrangeiros” (Deputado Índio do Brasil, Assembléia do Rio).”

“Em Campos (RJ) ocorria um fato espantoso: a Associação Comercial da cidade organizou um júri simbólico de Adolph Hitler, sob o patrocínio do Diretório Acadêmico da Faculdade de Direito. Ao final do julgamento Hitler foi absolvido.” * Difícil dizer o que incomoda mais, se a inteligência ostensiva ou a burrice extravasante.

” Mania de grandeza é a desses suplementos literários que têm um aviso dizendo que é proibido vender separadamente.”

Porto criou também nas colunas de jornais “As certinhas do Lalau” onde elegia, de quando em quando, uma beldade para tecer loas e reiterados elogios,  que invariavelmente  não ficavam circunscritos à coluna. Foi grande conhecedor e admirador de música brasileira e jazz, inclusive chegou a compor uma música, Samba do Criolo Doido, gravada pelo Quarteto em Cy.

Um dos grandes feitos de Sergio Porto foi o recolocar o sambista  Cartola na vida artística. Certo dia  ao passar em frente de um lava-rápido em Copacabana, lá estava Angenor, então um compositor esquecido da Mangueira, imediatamente ele o reconheceu e o trouxe de volta ao samba e às composições.

O Brasil de FEBEAPA segue impávido e estaria prontinho para um quarto volume da série.